Síndrome de Estocolmo

A Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico no qual vítimas de sequestro, ou pessoas detidas contra sua vontade, desenvolvem um relacionamento com seu(s) captores(es). Essa solidariedade por algumas vezes se tornar uma verdadeira cumplicidade, com presos chegando a ajudar os captores a alcançar seus objetivos ou fugir da polícia. (FERREIRA-SANTOS, 2006, p.20)

 

 

 

A história da Síndrome de Estocolmo:

Em 1973, houve um episódio de roubo a banco na cidade de Estocolmo em que dois assaltantes fizeram de refém quatro funcionários dentro de um grande banco, com quem conviveram em cativeiro durante seis dias e após o episódio as vítimas tiveram comportamentos inesperados em relação aos captores, pois criaram laços afetivos ao logo da reclusão mesmo tendo sido feitos de reféns, amarrados a dinamites e ficando sob a mira de submetralhadoras. Após o acontecimento o psiquiatra Nils Berejot assinalou o termo como “síndrome de Estocolmo” (GRAHAM, 1994, p.2).

Outro caso foi o sequestro de Natasha Kampusch em 1988 quando tinha apenas 10 anos. Natasha chegou a escrever o livro 3096 dias (2010), no qual relata sobre seus dias em cativeiro. A menina morava na periferia de Viena e fazia parte de uma família desestruturada. Natasha, após ser raptada, foi levada a um lugar não muito distante de onde ela morava e foi jogada em um porão que o próprio raptor havia construído no subsolo de sua casa. Wolfgang Priklopil, o sequestrador, a manteve em cativeiro e demonstrou ter duas faces: “Uma tinha forte tendência ao poder e à dominação; a outra, uma necessidade absolutamente insaciável de amor e aprovação” (KAMPUSCH, 2010, p.415). Provavelmente, foi a aparência inofensiva e frágil do criminoso que transmitiu uma empatia à garota e a permitiu sentir certa proximidade com o homem, de modo que quando ele a deixava no cárcere, ela sentia tanto medo que preferia a presença dele a estar sozinha.

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Aspectos interessantes a respeito da Síndrome de Estocolmo:

  • As vítimas parecem sempre esperar pelo pior e quando percebem que o que imaginavam não aconteceu, ao menos até determinado momento, elas se tranquilizam em uma proporção maior do que o normal;
  • É inconsciente e se desenvolve em situações de estresse extremo ou crônico;
  • O desejo de sobrevivência da vítima cria uma esperança dentro de uma situação de perigo.

A síndrome é o produto de um tipo de estado

dissociativo, que leva a vítima a negar a parte violenta

do agressor,enquanto desenvolve um vínculo com o

lado que percebe ser mais positivo, ignorando

assim suas próprias necessidades e se tornando

hipervigilante em relação ao agressor (GÓMEZ, 1999, p.4)

 

Condições para o desenvolvimento da síndrome de Estocolmo:

  • A percepção de ameaça à sobrevivência da vítima e a convicção de que o captor pode levar a ameaça a termo;
  • A percepção da impossibilidade de escapar, ou pelas limitações físicas por si só (presa, acorrentada) ou pelo medo das consequências caso consiga fugir (ameaça de que terminará morta ou que a família morra);
  • A percepção por parte da vítima de alguma pequena gentileza do captor em um contexto de terror, mesmo que essa gentileza seja não mata-lo ou a súbita ausência de violência;
  • Isolamento em relação ao mundo externo, onde não ficará sob outras perspectivas que não as do captor.

 

Três principais fatores influenciam no silêncio da vítima:

  • Diversos processos paralisantes gerados e mantidos pelo medo;
  • A ausência da possibilidade de escapar, na percepção da vítima;
  • Poucos recursos alternativos e que, por diversos motivos, não contam com apoio externo viável.

 

Tratamento:

 

Referências:

FERREIRA-SANTOS, Eduardo. Transtorno de estresse pós-traumático em vítimas de sequestro. Tese de psiquiatria. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006.

GÓMEZ, Andrés Montero. Psicopatología Del Síndrome De Estocolmo: Ensayo De Un Modelo Etiológico. Ciencia policial: Revista del Instituto de Estudios de Policía, 51. Uruguai, 1999

GRAHAM, Dee; et al. Loving to Survive: Sexual Terror, Men’s Violence and Women’s Lives. Nova Iorque: New York University Press, 1994.

KAMPUSCH, Natascha. 3096 dias. Campinas: Verus, 2010. Versão digital disponível em: http://static.tumblr.com/mbefozw/lCGmkonuj/3096_dias.pdf (Acessado em: 02/12/2016)

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